MINHA MÃE
As saudades que eu sinto
Do tempo em que era rainha
E fazia renda com uma linha,
Para enfeitar nossa casa.
Minha mãe se sentava
No banco da nossa cozinha,
Enquanto eu lhe contava
Os episódios da escola
E ela meiga falava,
De tudo o que eu amava.
Trocávamos nossas reflexões
E por vezes aos serões,
Ela um pouco dormitava;
Se não fosse maçador
Falava-lhe com amor,
Das coisas das minhas crianças,
Dos seus sonhos e esperanças,
Das histórias do dia a dia
E ela por vezes ria
Da terna ingenuidade,
Dos alunos que eu amava.
Ai minha mãe, quem me dera,
Fosse sempre Primavera
E tu, no banco da cozinha,
Não passasse de quimera!
Ai Inverno, como és frio,
A neve caindo no rio
E gelando dentro de mim!
E o banco da cozinha,
Que está para sempre vazio!
A tua almofada,
Bem depressa a escondi;
Não foi para me esquecer de ti,
Mas para tanto não sofrer!
De pouco adiantou,
Que na cadeira vazia,
Nem mesmo na noite fria,
Teu amor não se sentou!
As saudades que eu sinto,
Do tempo em que era rainha
E estavas sempre sentada,
No banco da nossa cozinha!
In “O Livro da Nena” – Fevereiro de 2008
Papiro Editora
Maria Irene Costa
N. 1951
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