SONETO
Amor, se uma mudança imaginada
É já com tal rigor minha homicida,
Que será se passar de ser temida,
A ser, como temida, averiguada?
Se só por ser de mim tão receada,
Com dura execução me tira a vida,
Que fará se chegar a ser sabida?
Que fará se passar de suspeitada?
Porém se já me mata, sendo incerta,
Somente imaginá-la e presumi-la,
Claro está (pois da vida o fio corta).
Que me fará depois, quando for certa,
Ou tornar a viver para senti-la,
Ou senti-la também depois de morta.
Rimas Várias
In “Breve Antologia Poética do Período Barroco”
Livª. Civilização Editora – Porto e Contexto Editora – Lisboa
Soror Violante do Céu
1602 – 1693
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