MULHER, VEJO-TE NUA, EMBORA ESCONDAS
Mulher, vejo-te nua, embora escondas,
Sob as tintas de cândida tristeza,
As máculas da sórdida impureza,
A lepra vil das saturnais hediondas.
E contudo, enganando-me, ainda sondas
O mar largo da minha singeleza:
Supões-me, como o doge de Veneza,
Esposo fácil de corruptas ondas!
Não chores a meus pés esmorecida;
Lá mais tarde, nos palcos da cidade,
Farás de Madalena arrependida.
No vício pode haver honestidade:
Deixa-me em paz nas sombras desta vida,
Não me afrontes na minha soledade.
Vinho e Fel
In “Rimas”
Estante Editora – Dezembro.1990
João Penha
1838 – 1919
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