Pára-me de repente o pensamento
Pára-me de repente o pensamento
Como que de repente refreado
Na doida correria em que levado
Ia em busca da paz do esquecimento.
Pára surpreso, escrutador, atento,
Como pára um cavalo alucinado
Ante um abismo súbito rasgado,
Pára e fica, e demora-se um momento.
Pára e fica, na doida correria.
Pára à beira do abismo, e se demora
E mergulha na noite escura e fria
Um olhar de aço, que essa noite explora.
Mas a espera da dor seu flanco estria
E ele galga e prossegue sob a espora...
Ângelo de Lima
(1872-1921)
"Posso muitas vezes não sentir nem pensar
no que digo, mas o que escrevo, sinto-o sempre,
e sempre o penso." (Ângelo de Lima)
Poeta muito estimado, mas infeliz, foi internado
no Hospital Psiquiátrico de Rilhafoles .
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