REGRESSO
Em cada canto revejo a minha infância...
outras rosas iguais a estas rosas,
nenhuma tinha o perfume da lembrança
que estas rosas têm,
estas rosas colhidas no jardim distante
- os ponteiros parados do relógio da torre
que hora marcam?
Passou o tempo
ou é o emigrante que volta quem mudou?
Tudo me sabe ainda ao que deixei,
ou quero que me saiba porque sei
a recordação do que era?...
Em cada canto me encontro como fui
- como sou, estrangeiro na minha casa,
ninguém, nem eu, me reconhece agora.
In “Líricas Portuguesas” - I Volume
Selecção, Prefácios e apresentação de Jorge de Sena
Edições 70 -1984
Joaquim Namorado
(1914-1986)
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