ASA
Amanhã outros dias virão
Serras belas tu encantas todos os dias
Auroras em flores nascerão
Algemas de seda me irão prender
Sensações da vida que vivi vão
Amores-perfeitos me irão enaltecer
Angélicas sereias no meu reino dormem
Sorrisos às ondas do mar chegaram
Arautos seres com suas belezas se encantem
Ancestrais tágides me foram ver
Soltando perfumes aromáticos me entonteceram
Astrais belezas me deram para eu adormecer
Anjos no Céu tocam seus clarins
Seres vêm elas adorar
Arcanjos anunciarem em seus selins
In “Pela Noite Dentro”
Editora Universus
José M. M. Pedro
(N. 1960)
NÃO É FÁCIL O AMOR
Não é fácil o amor, melhor seria
Arrancar um braço, fazê-lo voar...
Dar a volta ao mundo, abraçar
Todo o mundo, fazer da alegria
O pão nosso de cada dia, não copiar
Os males do amor, matar a melancolia
Que há no amor, querer a vontade fria
Ser cego, surdo, mudo, não sujeitar
O amor ao destino de cada um, não ter
Destino nenhum, ser a própria imagem
Do amor: pôr o coração ao largo, não sofrer
Os males do amor, não vacilar, ter a coragem
De enfrentar a razão de ser da própria dor
Porque o amor é triste, não é fácil o amor...
In "Obra Poética"
Organização, prefácio e notas de Zetho Cunha Gonçalves
Editora &etc - 1999
Luís Pignatelli **
(1935 – 1993)
** Pseudónimo de Luís Oliveira de Andrade
ROSAS VERMELHAS
Que estranha fantasia!
Comprei rosas encarnadas
às molhadas
dum vermelho estridente,
tão rubras como a febre que eu trazia...
- E vim deitá-las contente
na minha cama vazia!
Toda a noite me piquei
nos seus agudos espinhos!
E toda a noite as beijei
em desalinhos...
A janela toda aberta
meu quarto encheu de luar...
- Na roupa branca de linho,
as rosas,
são corações a sangrar...
Morrem as rosas desfolhadas...
Matei-as!
Apertadas
às mãos-cheias!
Alvorada!
Alvorada!
Veio despertar-me!
Vem acordar-me!
Eu vou morrer...
E não consigo desprender
dos meus desejos,
as rosas encarnadas,
que morrem esfarrapadas,
na fúria dos meus beijos!
In “Decadência”
Judith Teixeira **
(1880-1959)
** Judite dos Reis Ramos Teixeira
SER POETA E TRIPEIRO
É perceber o que dizem as ondas do mar
É responder ao pássaro que nos vem acordar
É olhar as nuvens que correm no céu
É saber em qual delas o sol se escondeu.
É perceber o silêncio da saudade
É responder com um sorriso de amizade
É olhar a lágrima que corre no rosto
É saber, nos lábios, qual é o seu gosto
É pôr no papel tudo o que se sente
É conseguir mudar a verdade que mente
É acreditar que é bom tudo á nossa volta
É fazer poemas com letras de revolta
É ser cinza como o granito
É ter olhos cor de esperança
É chorar o meu PORTO e achá-lo bonito
É correr nas ruas como se fosse criança
É ver o DOURO morrer na FOZ
E transformar o seu grito
Na Nossa Própria Voz.
In “Nobre Povo”
Edições Gailivro 2008
Maria de Lourdes dos Anjos
(N.1950)
ENVOLVO-ME NO SILÊNCIO
Envolvo-me no silêncio da tua
chegada. O espelho turvo
do teu nome acelera em mim
a evidência deste corpo em
que persisto.
Fazes-me espesso, orgânico,
compacto em torno do absurdo forte
de nos imaginar reciprocamente
despenhados.
Porque sinto que caminho já no ar,
cada passo mais distante,
à espera da tua levitação, que me entendas
a um palmo do peito, enfim caídos
por consequência da rendição.
Entre nós e o mundo há
quinhentos metros
de grito.
In “Cerco Voluntário”
13º da colecção "Cadernos do Campo Alegre"
Vasco Gato
(N.1978)
À ESPERA
Ainda um dia hei-de contar-te as espantosas
coisas de que me lembro quando fico à tua espera
horas e horas, cada vez mais vagarosas,
e tu não chegas, meu amor, e tu demoras
mais do que a minha paciência. Quem me dera
aquele tempo em que era sempre primavera
e assistia indiferente à passagem das horas.
Mas, quando chegas, só me ocorre esquecer tudo
e ter-te uma vez mais como quem tem o mundo.
In “Os dias do amor”
Ministério dos Livros
Torquato da Luz
(1943-2013)
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