NOS MEUS CANSAÇOS
Puxei o meu lençol e sinto frio
À procura de ti, amor amado
Só sinto a solidão e um vazio
No meu corpo despido e tão cansado
Apago a luz dos olhos e mais vejo
Suspensa a tua imagem aqui perto
E os dedos não acalmam o desejo
Que arde no meu corpo a céu aberto
É noite e a solidão na minha vida
É sombra que não quero e que me chama
E sinto que estou preso e sem saída
Nas grades da prisão da minha cama
Anda morrer amor nos meus cansaços
Nesta cama de frio que sou eu
Para sentir no fogo dos teus braços
Que o nosso grande amor nunca morreu
In “Os meus fados são teus fados”
Seda Publicações
Fernando Campos de Castro
(N. 1952)
SEI DE MIM
Sei de mim
dos meus retalhos
dos lamentos
dos abismos
das penumbras
dos instantes
das eternidades
e do mar que me quer…
Sei de mim
do chão que piso
nas vésperas
no amanhecer
nas manhãs
na madrugadas
e das flores com que me visto…
Sei de mim
da sede da minha alma
das danças com a lua
dos enganos
das sombras
e da luz com que me lavo…
Sei de mim
a cada palavra
e sei de mim
nas palavras que me tiram…
e sei das palavras que resgato no silêncio.
Sei de mim
e morrerei comigo!
In “50 Anos, 50 Poemas”
Seda Publicações
António Carlos Santos
(N.1964)
CARTA DE AMOR
Se eu tivesse de escrever
uma carta de amor
não escreveria a palavra amor
nem amar
não falaria em ti
nem em mim
porque em amor
não há padrões
nem regras
nem ordem
o amor é ilógico
inusitado
tanto mais ardente
quanto menos pensado
tanto mais atraente
quanto menos ordenado.
Se eu tivesse de escrever
uma carta de amor
escreveria apenas
QUERO-TE
desde o principio
até ao fim…
In “O TEMPO E O VERSO”
MoDocromia Editora
José Gabriel Duarte
O INVERSO DE TI
Por um momento
tocar o inverso de ti,
a fuga e o tempo que te atrapalha,
o vento que te sacode
os ombros
e te faz voar.
Quero ser uma luz
tranquila e pequenina
a elevar-te de espanto,
a coroar no teu rosto
a angústia da
solidão.
In “Geografias Dispersas”
Editora Edita-Me
Alexandra Malheiro
(N.1972)
POR TI...
Damos as mãos, em simultâneo,
nem sequer nos olhamos,
basta o tacto, e esse calor
húmido que me inebria.
Quero sentir-te,
fervilhar no afago da tua mão,
e derreter-me nas mãos do nosso amor.
Não me deixes,
segura-me ainda,
aperta-me, enlouquece-me;
desliza pelo meu corpo
que te espera, entra em mim.
Deixa que eu me entregue
pelo tempo que o tempo dura,
vive por mim, em mim,
o momento de ser tua.
In “Canela e erva doce”
Magna Editora
Paula Raposo
(N.1954)
AS ESPERAS DO AMOR
Esperas inúteis são horas vencidas,
Por impulsos que o nosso corpo tem;
Loucuras, devaneios que as nossas vidas,
Vão semeando aqui e além.
Frutos de amor, vértices de ternura,
Lânguidos cansaços, plenos de prazer;
Despertam no calor da noite escura,
Abraçados à fúria de viver.
Quantos corpos desmaiam, sequiosos,
Ao encontro de um amor a construir;
Repletos de silêncios e desejosos,
Da vontade de ser e de existir.
Mãos que se unem em harmonia
São cadeias de gestos repetidos;
Que cobertos de dor e de alegria,
In "Manhãs Inquietas"
Mosaico de Palavras Editora
Jorge Vieira
(N. 1952)
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