MINHA MÃE
Rosa, flor do coração,
de sete amores em botão
quinze rebentos brotaram;
entre eles, oito floriram,
catorze botões surgiram,
novas Rosas germinaram.
Quantas mais tu irás ver?...
Mais botões irão nascer
das Rosas, da lei da vida;
noventa pétalas, Rosa,
do jardim és flor ditosa
dos botões, Rosa querida.
Neste dia, nossa mãe
que noventa anos tem
sobre a luz dos olhos seus;
tem a sorte de ver flores,
essência de seus amores,
prendas da vida, de Deus.
Mãe! Estás de parabéns,
uma grande herança tens
neste jardim de verdade;
Deus te dê muita saúde,
paz, amor, a plenitude,
da sublime felicidade.
24/04/2007
In “Triângulos Poéticos I”
1ª. Edição – Abril de 2008
artEscrita Editora
Ferreira da Costa
N. 1945
MINHA MÃE
As saudades que eu sinto
Do tempo em que era rainha
E fazia renda com uma linha,
Para enfeitar nossa casa.
Minha mãe se sentava
No banco da nossa cozinha,
Enquanto eu lhe contava
Os episódios da escola
E ela meiga falava,
De tudo o que eu amava.
Trocávamos nossas reflexões
E por vezes aos serões,
Ela um pouco dormitava;
Se não fosse maçador
Falava-lhe com amor,
Das coisas das minhas crianças,
Dos seus sonhos e esperanças,
Das histórias do dia a dia
E ela por vezes ria
Da terna ingenuidade,
Dos alunos que eu amava.
Ai minha mãe, quem me dera,
Fosse sempre Primavera
E tu, no banco da cozinha,
Não passasse de quimera!
Ai Inverno, como és frio,
A neve caindo no rio
E gelando dentro de mim!
E o banco da cozinha,
Que está para sempre vazio!
A tua almofada,
Bem depressa a escondi;
Não foi para me esquecer de ti,
Mas para tanto não sofrer!
De pouco adiantou,
Que na cadeira vazia,
Nem mesmo na noite fria,
Teu amor não se sentou!
As saudades que eu sinto,
Do tempo em que era rainha
E estavas sempre sentada,
No banco da nossa cozinha!
In “O Livro da Nena” – Fevereiro de 2008
Papiro Editora
Maria Irene Costa
N. 1951
À MEMÓRIA DE MINHA MÃE
Morreste, minha Mãe, Deus quis assim
Pôr fim à tua dor e sofrimento!...
A vida te foi dura e bem ruim,
Mas terminou, enfim, o teu tormento!...
Sei que bem longe agora, estás de mim,
E que apenas nos une o pensamento!...
Sem ti, ó minha Mãe, em dor sem fim,
Sou mais pobre, a partir deste momento!...
Não torno mais a ler-te os versos meus,
Nem a enxugar o pranto aos olhos teus,
Nem minha dor, ó Mãe, jamais te inquieta!...
Deus te compense e dê paz lá no Céu,
Porque foi no teu ventre que nasceu
Um filho, que Deus quis fosse Poeta!...
In “Esta Cidade Que Eu Amo” – Porto – 1985
Edição do Grupo de Acção Recreativa
e Cultural Semente Nova (GARC)
Castro Reis
1918 – 2007
MÃE…
Hoje em ti pensei,
longe do murmúrio,
da existência do meu ser
que em ti deixei
quando decidi nascer.
Hoje parei para reflectir
nessa tua imagem de mulher,
quedada ao ver-me sorrir,
numa etapa de vida qualquer,
incentivando-me a seguir.
És o tesouro qu’em mim guardei
e que sempre irei recordar.
Irás em mim permanecer
porque me vais acompanhar
para nunca me perder,
porque em minhas quedas de criança
amparaste-me com determinação,
orientaste estes meus passos,
agarrando sempre a minha mão.
In “No Silêncio das Palavras”
1ª Edição – Setembro.2007
artEscrita Editora, Lda.
Deolinda Reis
N. 1964
POEMA À MÂE
No mais fundo de ti
eu sei que te traí, mãe.
Tudo porque já não sou
o menino adormecido
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha – queres ouvir-me? –
às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...
Mas – tu sabes - a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.
In "Antologia Breve "
5ª. Edição – Outubro 1985
Editora Limiar
Eugénio de Andrade
1923 – 2005
MÃE MENINA
Ouvi chamar-te mãe
Olhei incrédula
Ouvi dizer filho vem
Fiquei de pedra
Teus olhos brilhantes
Tez de porcelana
Expressões adolescentes
Olhar de quem ama
Levas pela mão
Esse filho irmão
De tão tenra idade
És sensibilidade
Mãe menina
Quem é que destina
Essa tua sorte
Quem te denomina
Mãe sem te dar o porte
Mãe menina
Quem te leu a sina
E te deu o mote
Para esta rima
A de Mãe precoce
Mãe menina menina Mãe
Tu que dás teu colo
Para consolo
Precisas também
De um colo de alguém
In “Resquícios de Luz”
Colecção Sinais de Poesia
Edição de Formasau – Coimbra
Isabel Seixas
N. 1961
LONGE DE TI
Longe de ti, na cela do meu quarto,
Meu corpo cheio de agoirentas fezes,
Sinto que rezas do outro mundo, harto,
Pelo teu filho, minha mãe, não rezes!
Para falar, assim, vê tu! já farto,
Para me ouvires blasfemar, às vezes,
Sofres por mim as dores cruéis do parto
E trazes-me no ventre nove meses!
Nunca me houvesses dado à luz, senhora!
Nunca eu mamasse o leite aureolado
Que me fez homem, mágica bebida!
Fora melhor ter nascido, fora,
Do que andar, como eu ando, degredado
Por esta costa de África da vida.
Coimbra, 1889
In ” Só” – Fev.1989
Estante Editora
António Nobre
1867 – 1900
. Mais poesia em
. Eu li...
. Recordando... Branquinho ...
. Recordando... Carlos Ramo...
. Recordando... António Pin...
. Recordando... Sidónio Mur...
. Recordando... Margarida V...
. Recordando... Maria Velho...
. Recordando... Maria Irene...