Momentos
O momento é fugaz e passageiro,
de aroma caduco embebido.
Corre, luta, conquista-o primeiro!
Ou, antes que chegues, já terá ido...
A vida nunca espera por ti
numa esquina qualquer parada.
Há vivos que te dizem: "Eu morri."
Porque, de vontade, não vivem nada.
Agarra hoje o que chamas tempo.
Caminha com vista no amanhã
e o fugaz e passageiro momento
já era ontem, perdido no tempo.
E o futuro dia de amanhã
vem apressado, correndo no vento.
Paula Alexandra Bordalo Faustino
In Fátima Missionária
OBRIGADA
Obrigada, meu Senhor
Pelo perfume das montanhas,
Pelos silêncios da terra
Que te fazem melhor sentir.
Pelos cantares da serra
Na voz das águas que caem
Por encostas verdejantes.
Obrigada pelos prados,
Pelo Céu e pela cor.
Obrigada pela vida,
Pelo desejo e o amor.
Obrigada pela luz,
Pelos sons, pelos silêncios.
Obrigada meu Senhor,
Pela alegria e pela dor.
Antonieta
In Fátima Missionária
DEVIA SER ASSIM
Não me amavam, talvez, e bem podia ser
enganosa e traiçoeira aquela ideia louca:
Ele ansiava sorver-lhe o mel da linda boca,
de encontro ao coração senti-la estremecer.
Ela vivia em sonho, alegre só de o ver.
Porém, o sangue em brasa a mente nos apouca:
Pensaria também em beijos, muda e mouca
aos brados da prudência, a pobre? Pode ser.
Pensava com certeza e ardia em tal desejo.
O acaso... Uma atracção... e os loucos dão o beijo...
O abraço foi em brasa e a sensação é fria!...
Uma fogueira acesa e extinta num momento!
Em cinza, as ilusões varridas pelo vento...
Logo o tédio matou o encanto que os unia!
Isaura Matias de Andrade
In Livro "Sinfonia da Terra"
Livraria Editora Educação Nacional - 1943
O TEMPO
Homens, ouvi-me! Eu chamo-me o Presente.
Sou como a grão de trigo; se no mundo
me semeais no Bem, nasço e fecundo
a Eternidade de que sou semente.
Mas se me esperdiçais incautamente
em frívolas acções, sou infecundo;
caio no vácuo, vou parar ao fundo
da vida estéril que perturba a mente.
Maldito o homem que me arroja adrede
nos desertos do Mal! Ó loucos crede
que a Justiça não tarda, e que anoitece...
Some-se o Tempo. O que o homem faz não passa:
nas mãos de Deus, por bem ou por desgraça,
eternamente imóvel permanece.
(In Livro "do HOMEM e da TERRA")
1932 - Edições "Brotéria" - Lisboa
Serafim Leite
1880 - 1969
AMIGO
Houve um dia que alguém olhou para mim.
Que me sorriu, que me compreendeu.
Estendeu-me a mão.
Abraçou-me forte.
Então eu compreendi que esse alguém
era meu amigo!
Ofereceu-me o ombro para chorar.
Secou as minhas lágrimas.
Com um olhar carinhoso.
Partilhei com ele os meus medos.
Contei-lhe minhas alegrias, minhas tristezas,
meus medos!
Senti sua presença bem perto de mim.
Senti-me mais segura, muito mais mulher!
Vi o seu olhar carinhoso, compreensivo.
Pedi-lhe que nunca me abandonasse.
Queria que aquele momento não acabasse.
Que todo o mundo soubesse.
Que tinha alguém comigo.
E esse alguém era meu amigo.
Cátia Cristina Sanches, 10 anos (Barreiro)
. Mais poesia em
. Eu li...
. Recordando... Isabel Gouv...
. Recordando... Hélder Maga...
. Recordando... Irene Lisbo...
. Recordando... Joaquim Nam...
. Recordando... Joaquim Man...
. Recordando... Mário de Sá...
. Recordando... Miguel Torg...
. Recordando... Lília Tavar...