ENQUANTO O FILHO DORME
De noite acordo e quero ver-te. Dormes
tão quentinho no leito aconchegado
Lá fora, o inverno, túmido, pesado
de ventaneiras, temporais enormes.
O relógio dá horas, meias horas,
e eu não me canso de fitar teu rosto,
sereno, róseo...Nem pelo agosto
há tanta claridade nas auroras!
Neva lá fora. Como é quente aqui!
Aqueço as minhas mãos à tua beira,
tal como ao lume bom duma lareira.
E arde o lume que provém de ti!
Que viva a chama! Que calor tão bom!
Que bem aquenta um pobre coração!
In “Sangue”
Edições "Ser"
Saul Dias **
1902 – 1983
**pseudónimo de Júlio Maria dos Reis Pereira
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