EIS A VELHA CIDADE!
Eis a velha cidade! a cortesã devassa,
A velha imperatriz da inércia e da cubicar,
Que da torpeza acorda e á pressa corre á missa!
Baixando o olhar incerto em frente de quem passa!
Ella estreita no seio a velha populaça,
Nas vis dissoluções da lama e da preguiça,
E nunca o santo impulso, o grito da Justiça,
Lhe fez estremecer a fibra inerte e lassa!
E póde receber o beijo e a bofetada
Sem que sinta o rubor da cólera sagrada
Acender-lhe na face as duas rosas belas!
Somente d'um sorriso alvar e desonesto,
Ás vezes, acompanha o provocante gesto
Quando soa a guitarra, á noite, nas vielas!
In “A Alma Nova”
I. N. – Casa da Moeda
Guilherme de Azevedo
1839 – 1882
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