Sexta-feira, 30 de Setembro de 2022

Recordando... Manuela Amaral

NO DIA DE AMANHÃ

 

No dia de amanhã eu estarei acordada à minha espera.

 

NÃO QUERO QUE MAIS NINGUÉM ME ACORDE

SENÃO EU

 

Vou receber-me condignamente com todas as honras de um hóspede ilustre

 

Tomo um banho ou tomo um duche (não sei bem)

e ponho aquele vestido cor de luto eroticamente triste

 

À mesa ficarei sentada à minha direita (em sinal de respeito e educação) Vou falar sozinha de coisas que não existem Vou ter um sorriso social Hei-de falar do tempo do teatro do ballet da moda de Paris ou do último modelo do Toyota Vou ser cretina e idiota mas vou receber condignamente o meu hóspede ilustre - EU

 

No dia de amanhã eu estarei acordada à minha espera

 

e

 

NÃO QUERO QUE MAIS NINGUÉM ME ACORDE

SENÃO EU

 

In "Amor Geométrico"

Edição da Autora – 1979

 

Manuela Amaral

(1934-1995)

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Terça-feira, 25 de Maio de 2021

Recordando... Manuela Amaral

ODE À TRISTEZA

 

Eu canto esta alegria

(entristecida)

de tanto te lembrar

e ser saudade

E a minha voz é forte

timbrada de dias

e distâncias

com as palavras todas mastigadas

(E se tristeza tenho

que me reste

não me julgues parada

ou indecisa

Cristalizei meus olhos de chorarem

e o meu olhar é firme,

certeiro ao teu encontro)

Eu canto esta alegria

de segredar-me ao vento

e seguir viagem

em direcção de ti

leve

impensada

informe

e num fluir de aragem

ser transformada em ar

Pedaço que respiras.

E nos meus dedos mansos

-veludos que pisaram

teu corpo em movimento-

vou amarrar o tempo

as letras do teu nome

E depois morrer.

Eu canto esta alegria

de saber-te

 

In “Esta Coisa Quase Vida” - 1993

Editora Fora do Texto

 

Manuela Amaral

(1934-1995)

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Domingo, 19 de Julho de 2020

Recordando... Manuela Amaral

POSSE INTEMPORAL

 

Fazer amor contigo

não é espelhar teu corpo nu

no vítreo do meu espaço

não é sentir-me possuída

ou possuir-te

 

É ir buscar-te

ao abismo de milénios de existência

e trazer-te livre.

 

In “Amor no feminino”

Editora Fora do Texto

 

Manuela Amaral

(1934-1995)

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Domingo, 7 de Maio de 2017

Recordando... Manuela Amaral

NO DIA DE AMANHÃ

 

No dia de amanhã eu estarei acordada à minha espera.

 

NÃO QUERO QUE MAIS NINGUÉM ME ACORDE

SENÃO EU

 

Vou receber-me condignamente com todas as honras de um hóspede ilustre

 

Tomo um banho ou tomo um duche (não sei bem)

e ponho aquele vestido cor de luto eroticamente triste

 

À mesa ficarei sentada à minha direita (em sinal de respeito e educação) Vou falar sozinha de coisas que não existem Vou ter um sorriso social Hei-de falar do tempo do teatro do ballet da moda de Paris ou do último modelo do Toyota Vou ser cretina e idiota mas vou receber condignamente o meu hóspede ilustre - EU

 

No dia de amanhã eu estarei acordada à minha espera

 

e

 

NÃO QUERO QUE MAIS NINGUÉM ME ACORDE

SENÃO EU

 

In "Amor Geométrico"

Edição da Autora – 1979

 

Manuela Amaral

(1934-1995)

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Domingo, 13 de Novembro de 2016

Recordando... Manuela Amaral

TENHO A SAÚDE DOENTE

 

Tenho a saúde doente.

 

Tenho a barriga nos ombros

e a cabeça no ventre.

 

Tenho os pulmões nos ouvidos

e o coração está na boca.

 

Penso com os pés

com as mãos

 

e no meio da confusão

ando de pernas para o ar.

 

Tenho a saúde doente

 

por ser poeta

e ser louca.

 

In "Tempo de Passagem”

Editora Fora do Texto

 

Manuela Amaral

(1934-1995)

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Sábado, 7 de Fevereiro de 2015

Recordando... Manuela Amaral

CANÇONETA

 

Não me importa

O que se saiba...

- Só me importa

O que te digo:

 

Já andei de braço dado,

Em braços desconhecidos,

Só para ter a ilusão

Que caminhava a teu lado

De braço dado contigo...

 

in "Hino Proibido"

Edição da Autora

 

Manuela Amaral

(1934-1995)

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Terça-feira, 31 de Julho de 2012

Recordando... Manuela Amaral

SE TU VIESSES AGORA

 

Se tu viesses agora,

 

Se entrasses àquela porta

e te viesses sentar

mesmo defronte de mim

nesta cadeira vazia

ocupada de silêncio,

 

E me dissesses bom dia

boa tarde

ou boa noite

(qualquer coisa aconchegada

a anunciar o regresso),

 

e me sorrisses depois

num compromisso ternura,

 

Se o gesto da tua mão

recaísse no meu ombro

a atenuar a distância

entre mim e a tua ausência,

 

Se me desses a entender

que o erro das nossas vidas

não foi acto consumado

e que nada chega ao fim

sem que seja ultrapassado

pelo querer da decisão,

 

Se tudo isto acontecesse,

 

Se por milagre

ou loucura

eu agarrasse a lonjura

e te fizesse mais perto,

 

com certeza que morria

ou renascia contigo

nesse preciso momento.

 

 

In "Tempo de Passagem"

Editora Fora do Texto – Coimbra – 1991

 

Manuela Amaral

1934 – 1995 

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Terça-feira, 13 de Dezembro de 2011

Recordando... Manuela Amaral

MULHER
(EM DEFINIÇÃO)

 

Mulher-Poesia
que deixa no meu corpo bocados de poema

 

Mulher-Criança
que desce à minha infância
e me traz adulta

 

Mulher-Inteira
repartida no meu ser

 

Mulher-Absoluta
Fonte da minha origem

 

 

In “Amor no Feminino”
Editora Fora do Texto – 1997 

 

Manuela Amaral 
1934 – 1995

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