NO CONJUGAR AMOR
Descobrimos coisas
que ninguém mais sabe
Coisas diversas do saber comum.
A transfusão que existe no beijar
quando a ternura é líquida
E a transparência
opaca
do suor
quando o amor é feito
E o jeito nos fica
de namorar o corpo
E o exagero em tudo que se diz
nas juras repetidas.
Descobrimos coisas
que ninguém mais sabe
e que aprendemos juntas.
In “Amor no Feminino”
Editora Fora do Texto – 1997
Coimbra – Portugal
Manuela Amaral
1934 – 1995
FATALISMO
Amo o que em ti há de trágico. De mau.
De sublime. Amo o crime escondido no teu andar.
A tua forma de olhar. O teu riso fingido
e cristalino.
Amo o veneno dos teus beijos. O teu hálito pagão.
A tua mão insegura
na mentira dos teus gestos.
Amo o teu corpo de maçã madura.
Amo o silêncio perpendicular do teu contacto
A fúria incontrolável da maré
nas ondas vaginais do teu orgasmo.
E esta tua ausência
Este não-ser que é.
In “Amor no feminino” – Editora Fora do Texto, 1997
Manuela Amaral
1934 – 1995
TEU CORPO DE AGOSTO
Teu corpo é Agosto
Tu cheiras a verão
por baixo das veias
Tu cheiras a quente
Tu cheiras à febre
do sangue maduro
Teu ventre de orgia
teu cheiro a sodoma
aroma-mulher
Teu corpo de Agosto
tem cheiro a Setembro.
In "Amor no feminino"
Editora Fora do Texto – 1997 – Coimbra – Portugal
Manuela Amaral
1934 – 1995
. Mais poesia em
. Eu li...
. Recordando... Poetisas Po...
. Recordando... Poetas Séc....
. Recordando... Poetas séc....