Sexta-feira, 16 de Outubro de 2009

Recordando... António Ferreira... Poeta do Séc. XVI

AQUELE CLARO SOL

 

Aquele claro Sol, que me mostrava

O caminho do Céu mais chão, mais certo,

E com o seu novo raio ao longe e ao perto

Toda a sombra mortal me afugentava.

 

Deixa a prisão triste, em que cá estava

Eu fiquei cego e só, com passo incerto,

Perdido peregrino no deserto,

A que faltou a guia, que o levava.

 

Assim co’ espírito triste, o juízo escuro,

Suas santas pisadas vou buscando

Por vales e por campos e por montes.

 

Em toda a parte a vejo e a figuro

Ela me toma a mão, e me vai guiando

E meus olhos a seguem, feitos fontes.

 

 

In “Poemas Lusitanos” – 1598

Mandado publicar por seu filho, Miguel Leite Ferreira

 

António Ferreira

1528 – 1569

 

 

sinto-me: Radiante Sempre...
publicado por cateespero às 00:00
link do post | Deixe seu comentário | favorito
Domingo, 4 de Outubro de 2009

Recordando... Antonio Joaquim de Mesquita e Mello... Poeta do Séc. XIX

PROSEGUI, LUSITANOS VALOROSOS

 

Prosegui, Lusitanos valorosos,

No que, jurado haveis, feliz systema;

Não vos importe o impio que blasfema

Contra os vossos esforços generosos.

 

De torpes inimigos cavilosos

Lançai aos pulsos vis eterna algema:

De modo, em fim, que a tyrannia trema

De urdir-vos novos laços vergonhosos.

 

Ávante em vosso férvido denodo;

Esse monstro de peste e de horror tanto

Acabai de sumir no estigio lôdo.

 

No amor da Liberdade sacrosanto

Mostrai uma constancia ao mundo todo,

Que pelo mundo todo faça espanto.

 

 

Soneto VIII

(Sonetos, recitados no Real Theatro de S. João – Porto)

 

 

In “Collecção de Poesias Reimpressas e Ineditas”

Tomo I – 1860

Typ. Sebastião José Pereira – Porto

 

Antonio Joaquim de Mesquita e Mello

1792 – 1884

 

Nota – Grafia Original

 

 

sinto-me: Radiante Sempre...
publicado por cateespero às 00:00
link do post | Deixe seu comentário | favorito
Segunda-feira, 4 de Maio de 2009

Recordando... António Nobre

LONGE DE TI


Longe de ti, na cela do meu quarto,
Meu corpo cheio de agoirentas fezes,
Sinto que rezas do outro mundo, harto,
Pelo teu filho, minha mãe, não rezes!

Para falar, assim, vê tu! já farto,
Para me ouvires blasfemar, às vezes,
Sofres por mim as dores cruéis do parto
E trazes-me no ventre nove meses!

Nunca me houvesses dado à luz, senhora!
Nunca eu mamasse o leite aureolado
Que me fez homem, mágica bebida!

Fora melhor ter nascido, fora,
Do que andar, como eu ando, degredado
Por esta costa de África da vida.


Coimbra, 1889

 

In ” Só” – Fev.1989

Estante Editora

 

António Nobre

1867 – 1900

 

 

sinto-me: Radiante Sempre...
publicado por cateespero às 00:00
link do post | Deixe seu comentário | ler comentários (1) | favorito
Sexta-feira, 24 de Outubro de 2008

Recordando... Poetas que deram "voz" ao Porto (2)... António de Sousa

AO PORTO

 

Ó meu severo berço de granito!

(Este lembrar-te é um luar do fim?)

Vi os fiords – não valem o teu rio!

O melhor da tua força manda em mim.

 

A tua fala é um gume leal.

Avulso, o teu sabor independente,

amigo ou inimigo – uma só fé!

Quando a névoa te cobre – um rosto ausente.

 

 

In “Linha de Terra”

Editora Inquérito – Lisboa – 1951

 

António de Sousa

1898 – 1981

 

 

 

 

sinto-me: Radiante Sempre...
publicado por cateespero às 00:00
link do post | Deixe seu comentário | ler comentários (5) | favorito
Terça-feira, 20 de Maio de 2008

Recordando... Poetas naturais do Porto (Portugal)... António de Sousa

CARTA ABERTA

 

Diante de ti, que tens fome

ou tremes de cansaço,

perdoa, irmão,

que eu tenha de sofrer

um drama que parece de palavras!

 

Semeio versos,

tu moirejas nas cavas,

regando a terra com o suor do rosto

e requeimas a carne à boca das fornalhas

e gastas a paciência,

vivendo ao ritmo inumano das máquinas

(eu, é da alma que suo...)

 

Não é vida este sonho a que me espelho?

Não me dou como tu?

Irmão, perdoa!

Não fui eu quem talhou o meu destino

e a sede de me ser também é inferno!

 

Irmão, perdoa!

Não feches o teu punho a esta mão sem calos...

Outros, mas também tenho os meus trabalhos:

é com o cerne dos meus nervos

que acendo este luzeiro do meu canto.

 

Se me não vês assim,

se te pareço, ao rumo dos teus passos,

o passo inútil duma lua inquieta

num céu fechado,

ou apenas um mocho (agoirento e romântico),

não me fuzile a tua voz de pragas!

 

Não me chames Poeta

como quem cospe um exorcismo!

Sou teu longínquo irmão,

irmão!

Como tu deserdado

e à espera do mesmo:

sete palmos de terra e de silêncio...

 

 

In “Terra ao Mar” – Editorial Inquérito, 1954

 

António de Sousa

1898 – 1981

 

sinto-me: Radiante Sempre...
publicado por cateespero às 00:00
link do post | Deixe seu comentário | ler comentários (1) | favorito
Sexta-feira, 15 de Fevereiro de 2008

Recordando... Poetas que deram "voz" ao Porto... António Joaquim de Mesquita e Mello

SONETOS RECITADOS NA PRAÇA DA CONSTITUIÇÃO

(HOJE DE D. PEDRO) NAS NOITES DE 3 E 4 DE MAIO DE 1821,

FESTEJANDO O CORPO DO COMMERCIO DA CIDADE DO PORTO

COM TODA A POMPA A FAUSTA NOTICIA DE TER S. M.

O SENHOR D. JOÃO VI JURADO A CONSTITUIÇÃO.

 

SONETO X

 

 

Foste, ó Porto, o primeiro que esforçado

Soubeste afuguentar Gallos intrusos;

Recobrados por ti antigos usos,

Por ti ao bom Monacharca o Reino dado.

 

 

Foste o primeiro que abateste ousado

Ruinosos, domesticos abusos;

Sendo o Porto immortal aonde os Lusos

A bonança feliz tem sempre achado.

 

 

Hoje és tu, que distinto mais fulguras

Na adhesão ao teu Rei, quando festejas

Seu grã triumpho sobre harplas duras.

 

 

Dando-lhe, sim, de amor provas sobejas,

Mostras que tuas são suas venturas,

Que só para seu bem, teu bem desejas.

 

 

In “Collecção de Poesias Reimpressas e Ineditas”

Tomo I – 1860

Typ. Sebastião José Pereira

 

Antonio Joaquim de Mesquita e Mello

1792 – 1884

 

 

sinto-me: Radiante Sempre...
publicado por cateespero às 00:00
link do post | Deixe seu comentário | ler comentários (1) | favorito

.Eu

.pesquisar

 

.Março 2024

Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
14
15
16
17
18
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31

.Ano XVI

.posts recentes

. Recordando... António Fer...

. Recordando... Antonio Joa...

. Recordando... António Nob...

. Recordando... Poetas que ...

. Recordando... Poetas natu...

. Recordando... Poetas que ...

.arquivos

. Março 2024

. Fevereiro 2024

. Janeiro 2024

. Dezembro 2023

. Novembro 2023

. Outubro 2023

. Setembro 2023

. Agosto 2023

. Julho 2023

. Junho 2023

. Maio 2023

. Abril 2023

. Março 2023

. Fevereiro 2023

. Janeiro 2023

. Dezembro 2022

. Novembro 2022

. Outubro 2022

. Setembro 2022

. Agosto 2022

. Julho 2022

. Junho 2022

. Maio 2022

. Abril 2022

. Março 2022

. Fevereiro 2022

. Janeiro 2022

. Dezembro 2021

. Novembro 2021

. Outubro 2021

. Setembro 2021

. Agosto 2021

. Julho 2021

. Junho 2021

. Maio 2021

. Abril 2021

. Março 2021

. Fevereiro 2021

. Janeiro 2021

. Dezembro 2020

. Novembro 2020

. Outubro 2020

. Setembro 2020

. Agosto 2020

. Julho 2020

. Junho 2020

. Maio 2020

. Abril 2020

. Março 2020

. Fevereiro 2020

. Janeiro 2020

. Dezembro 2019

. Novembro 2019

. Outubro 2019

. Setembro 2019

. Agosto 2019

. Julho 2019

. Junho 2019

. Maio 2019

. Abril 2019

. Março 2019

. Fevereiro 2019

. Janeiro 2019

. Dezembro 2018

. Novembro 2018

. Outubro 2018

. Setembro 2018

. Agosto 2018

. Julho 2018

. Junho 2018

. Maio 2018

. Abril 2018

. Março 2018

. Fevereiro 2018

. Janeiro 2018

. Dezembro 2017

. Novembro 2017

. Outubro 2017

. Setembro 2017

. Agosto 2017

. Julho 2017

. Junho 2017

. Maio 2017

. Abril 2017

. Março 2017

. Fevereiro 2017

. Janeiro 2017

. Dezembro 2016

. Novembro 2016

. Outubro 2016

. Setembro 2016

. Agosto 2016

. Julho 2016

. Junho 2016

. Maio 2016

. Abril 2016

. Março 2016

. Fevereiro 2016

. Janeiro 2016

. Dezembro 2015

. Novembro 2015

. Outubro 2015

. Setembro 2015

. Agosto 2015

. Julho 2015

. Junho 2015

. Maio 2015

. Abril 2015

. Março 2015

. Fevereiro 2015

. Janeiro 2015

. Dezembro 2014

. Novembro 2014

. Outubro 2014

. Setembro 2014

. Agosto 2014

. Julho 2014

. Junho 2014

. Maio 2014

. Abril 2014

. Março 2014

. Fevereiro 2014

. Janeiro 2014

. Dezembro 2013

. Novembro 2013

. Outubro 2013

. Setembro 2013

. Agosto 2013

. Julho 2013

. Junho 2013

. Maio 2013

. Abril 2013

. Março 2013

. Fevereiro 2013

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Setembro 2012

. Agosto 2012

. Julho 2012

. Junho 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Fevereiro 2012

. Janeiro 2012

. Dezembro 2011

. Novembro 2011

. Outubro 2011

. Setembro 2011

. Agosto 2011

. Julho 2011

. Junho 2011

. Maio 2011

. Abril 2011

. Março 2011

. Fevereiro 2011

. Janeiro 2011

. Dezembro 2010

. Novembro 2010

. Outubro 2010

. Setembro 2010

. Agosto 2010

. Julho 2010

. Junho 2010

. Maio 2010

. Abril 2010

. Março 2010

. Fevereiro 2010

. Janeiro 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Setembro 2009

. Agosto 2009

. Julho 2009

. Junho 2009

. Maio 2009

. Abril 2009

. Março 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Setembro 2008

. Agosto 2008

. Julho 2008

. Junho 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

. Junho 2007

. Maio 2007

. Abril 2007

.tags

. todas as tags

blogs SAPO

.subscrever feeds