O GRANDE ESPECTRO, QUE FAZ SOMBRA E MEDO
O grande espectro, que faz sombra e medo,
Ergueu-se ao pé de mim, e eu temi-o;
Não porém com pavor, que nasce cedo,
Mas com um negro medo, oco e tardio.
Trajava o corpo seu vácuo e segredo
E o espaço irreal, onde formava frio,
Era como os desertos do degredo,
Um não-ser mais vazio que o vazio.
Não mais o vi, mas sinto a cada hora
Ao pé da alma, que teme e já não chora,
A álgida consequência e o vulto nada,
E cada passo em minha senda incerta
Um eco o acompanha, que deserta
Da atenção fria, inutilmente dada.
9-2-1930
In “Poemas Esotéricos - Fernando Pessoa” – 1ª edição
Edição de Fernando Cabral Martins e Richard Zenith
Assírio & Alvim
Fernando Pessoa
(1888-1935)
. Mais poesia em
. Eu li...
. Recordando... Ricardo Gil...
. Recordando... Saúl Dias *...
. Recordando... Rui Miguel ...
. Recordando... Rui Pires C...
. Recordando... Sebastião d...
. Recordando... Augusto Mol...
. Recordando... Egito Gonça...
. Recordando... António Ram...
. Recordando... Maria Auror...