NÃO ESTOU PENSANDO EM NADA
Não estou pensando em nada
E essa coisa central, que é coisa nenhuma,
É-me agradável como o ar da noite,
Fresco em contraste com o Verão quente do dia.
Não estou pensando em nada, e que bom!
Pensar em nada
É ter a alma própria e inteira.
Pensar em nada
É viver intimamente
O fluxo e o refluxo da vida...
Não estou pensando em nada.
É como se me tivesse encostado mal.
Uma dor nas costas, ou num lado das costas.
Há um amargo de boca na minha alma:
É que, no fim de contas,
Não estou pensando em nada,
Mas realmente em nada,
Em nada...
6-7-1935
In “Os Grandes Clássicos da Literatura Portuguesa
Fernando Pessoa – Poesia de Álvaro Campos – Vol. II”
Assírio & Alvim e Herdeiros de Fernando Pessoa
(edição de Teresa Rita Lopes), Lisboa, 2002
Da presente edição: Editora Planeta DeAgostini, S.A. – Lisboa
Colecção dirigida por Vasco Graça Moura
Álvaro de Campos
Heterónimo de Fernando Pessoa (1888-1935)
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