QUADRAS II
Peço às altas competências
Perdão, porque mal sei ler,
P'ra aquelas deficiências
Que os meus versos possam ter.
………………………….
Quando não tenhas à mão
Outro livro mais distinto,
Lê estes versos que são
Filhos das mágoas que sinto.
………………………….
Julgam-me mal sabedor;
E é tão grande o meu saber
Que desconheço o valor
Das quadras que sei fazer!
………………………….
Compreendo que envelheci
E que já daqui não passo,
Como não passam daqui
As pobres quadras que faço.
………………………….
Tal qual me sucede a mim;
Sem ter vulto, sem ter voz,
Vive qualquer coisa em nós
Que manda fazer assim.
………………………….
Vai-se uma luz, outra existe,
Nova aurora nos seduz;
Deve ser muito mais triste
A gente deixar a luz.
………………………….
Se pedir, peço cantando,
Sou mais atendido assim;
Porque, se pedir chorando,
Ninguém tem pena de mim.
…………………………..
Meu aspecto te enganou;
O que a gente é não se vê;
Pergunta a outrem quem sou,
Pois o que sou nem eu sei.
………………………….
Quem me vê dirá: não presta,
Nem mesmo quando lhe fale,
Porque ninguém traz na testa
O selo de quanto vale
………………………….
In “Este Livro Que Vos Deixo…”
Volume I – Editorial Notícias
António Aleixo
1899 – 1949
. Mais poesia em
. Eu li...
. Recordando... Samuel F. P...
. Recordando... Ricardo Gil...
. Recordando... Saúl Dias *...
. Recordando... Rui Miguel ...
. Recordando... Rui Pires C...
. Recordando... Sebastião d...
. Recordando... Augusto Mol...
. Recordando... Egito Gonça...
. Recordando... António Ram...